Sobre
Após a ótima repercussão de seu primeiro trabalho conjunto, a exposição “Três Amigos e Seus Olhares”, que, em 2016/17 passou pelo Piola Jardins e Museu da Imagem e do Som de Santos (MISS), os fotógrafos João Mantovani, Vitor Miranda e Paulo Villar decidiram novamente mergulhar em uma mesma temática: Águas. Um tema mais que premente em meio à importância da conservação e recuperação de mananciais hídricos para efe- tiva continuidade da espécie humana.
A presente exposição – “Projeto Y” – reúne um breve extrato da produção atual dos três amigos. Mostras pessoais e independentes que, contudo, são complementares, dialogam entre si na inter-relação das ações captadas.
O título geral “Projeto Y” tem como base a expressão Tupi- Guarani "Y", que significa Água. Mote trazido por Vitor Miranda, que decidiu fotografar rios em seus estados atuais, trazendo aos olhos do espectador, o esgotamento dos leitos, outrora bem tratados pelos indígenas. As imagens de João Mantovani trazem para o conjunto a beleza e a vida em ambientes ainda preservados, seu progresso no projeto “Telúrica”, fruto de diversas expedições no Brasil e na América Latina. Já Paulo Villar, hoje um estudioso visual dos ritos afro-brasileiros, trouxe imagens de suas recentes incursões nas festas populares a Iemanjá, a Mãe das Águas.
Parceiros de set em produções de fotografia e vídeos para a publicidade, João Mantovani, Paulo Villar e Vitor Miranda estão juntos novamente em um projeto autoral.
AS SÉRIES
JOÃO MANTOVANI – TELÚRICA
Fotógrafo com considerável experiência internacional, João
Mantovani, iniciou sua formação no Brasil em cursos
no MAM e na ESPM, complementada nos dois anos que
morou em Barcelona - ESP, tendo cursado a mundial-
mente conhecida escola Nou Prodigi.
Ensaios com modelos que realizou em São Paulo e em
Barcelona resultaram em exposições na Espanha e no
Brasil.
Em 2008 percorreu 10 estados brasileiros, fotografando
para os 20 anos do Ministério Público Democráditico (MPD)
– um trabalho primoroso de captação do homem e sua
terra.
Entre 2014 e 2015, percorreu novamente o País e iniciou um
tour (ainda em andamento) pelos países da America do
Sul, clicando especialmente paisagens.
Sua mostra Telúrica é fruto de seu encontro com a natureza
nas recentes viagens. A intensidade de experiências que
acabam por se revelar em grandiosas imagens de tirar o
fôlego. Dentro do contexto dos três artistas, as imagens
reforçam os contrastes da poluída Yaoundé com a beleza
virginal dos recantos que percorreu. Em suas incursões,
encontrou uma infinidade de tipos humanos e culturas,
dentre as quais as ressaltadas no recorte de Paulo Villar. No poema de João:
“Pátria, encontrei você na doçura das suas paisagens.
Fonte de mel, bicho solto.
Na magia das suas danças, no silêncio das suas sombras e no
sotaque dos seus filhos.
Você estava lá!
....
No seu querer bem e até mesmo onde a bandeira brasileira
era rasgada pela metade, você estava por inteira.
Em você encontrei minhas paixões e lhe entrego Telúrica!”
VITOR MIRANDA – YAOUNDÉ
O jovem fotógrafo paulistano dedica considerável parte do
seu tempo à publicidade e aos eventos sociais. Sua paixão,
contudo é pelo fotojornalismo, que transparece em todo o
conjunto do seu trabalho. Uma de suas atuais dedicações é ao projeto
Entrega por SP, que busca aproximar as pessoas em situação de rua do
público, restituindo a cidadania e a auto-estima perdidas. Iniciou sua carreira cobrindo manifestações políticas para o projeto documental
Documentos Urbanos.
Dirigiu a fotografia de três curtas-metragens. Um deles,
Cartas, faturou o prêmio de melhor documentário no
I CineUrge: Festival de Cinema de Cornélio Procópio.
Em 2016, foi à República dos Camarões para dirigir a
fotografia do longa-metragem Scam Republic.
Na capital da República dos Camarões, Yaoundé, realizou
um significativo recorte foto-jornalístico. Uma cidade
esquecida no tempo cuja beleza aflora dos traços das
mulheres e do colorido de suas vestes, da alegria inocente
das crianças, dos taxis velhos e da paixão pelo futebol - é
o país africano com o maior número de participações em
Copas do Mundo (7). Um lugar misterioso para onde os olhos
do mundo se voltam exclusivamente para a exploração.
Vitor Miranda, também poeta, resume o próprio
sentimento em trecho da poesia “Um Branco na África”:
“Agora entendo as minorias
Olhos te fuzilam de todos os lados
Inimigo de todos em fogo cruzado
Raramente um olhar de pétalas de rosa
.....
Olhares raiva rancores
Me sinto culpado
Me sinto branco em qualquer lugar
Inclusive no Mississipi dos anos vinte”
PAULO VILLAR – CAMINHOS DE DEUS: ENCRUZILHADA
Opção de segurança para grandes campanhas, o fotógrafo
Paulo Villar notabilizou-se no rol dos grandes da publici-
dade brasileira. Dedicado tal como um cientista a seu ofício,
comanda um set com a personalidade de um bom gestor
e clica com total precisão.
De sua lente já nasceram peças de repercussão nacional,
algumas premiadas internacionalmente. Sua capacidade
de compreender e colocar em prática os mais variados
briefings dos criativos e de superar expectativas é marcante
em seu trabalho.
Aos 34 anos de carreira, Paulo Villar debuta como autor,
com o frescor de um jovem artista e o rigor e a técnica de
um profissional experiente.
Nesta mostra, Paulo Villar apresentará um recorte de uma
pesquisa fotográfica que já realiza desde 2012 sobre as
religiões e seus rituais. Seu trabalho autoral debuta para o
público com uma seleção de imagens captadas em centros
de Umbanda e Candomblé, apresentando o exotismo do
transe e a beleza das danças nestas importantes manifes-
tações da influência africana no Brasil.
As fotos de Paulo Villar dialogam com as de Vitor Miranda
em Camarões ao enfatizarem uma clara herança dos povos
da Mãe África nos costumes do povo brasileiro.